domingo, 17 de janeiro de 2010

Breathless

u

Ontem acordei numa felicidade só, à noite ia ao teatro. Não ia ‘só’ ao teatro, ia ver uma peça há muito esperada. Um amigo arranjou bilhetes óptimos, corridinha a ir buscá-los e siga jantar. Conversa porreira, jantar com gosto italiano e aqui vamos nós. A peça é boa e está bem adaptada, com um texto denso transformado e tornado acessível ao grande público. Um bom elenco: Bruno Nogueira, Carolina Villaverde Rosado, Dinarte Branco, Dinis Gomes, Duarte Guimarães, Gonçalo Waddington, José Manuel Mendes, Luísa Cruz, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Márcia Breia, Maria Rueff, Marina Albuquerque, Nuno Lopes, Ricardo Aibéo, Rita Durão, Rita Loureiro, Sofia Marques, Teresa Madruga. Ponho os nomes de todos sem excepção, porque todos colocam na peça um pormenor, que quanto a mim faz a diferença. Se há alguns que se destacam? Claro que sim. O único problema desta peça é o facto de ser enorme, até para mim que amo esta arte. Entramos às 21h e saímos à 1h, com um intervalo de 10 minutos a meio. Confesso que houve alturas em que a minha atenção dispersou…e isso não é bom, pelo menos para os meus padrões. No final da peça fiquei com a sensação de que podia vê-la em duas partes separadas, em dois dias diferentes. De seguida: Bairro. Demasiado cheio, demasiada confusão para quem tinha acabado de levar com três horas e tal de Aristófanes, mas a realidade é que apetecia-me dançar. Não fui dançar. Senti-me um jogador convocado que ficou no banco. E até acho que estava bastante bem equipada para jogar. Fiquei no sofá a pensar na noite, na qual fui a um dos meus sítios favoritos, e com uma das minhas pessoas favoritas, mas ainda assim sentia faltar qualquer coisa. Percebi já era quase de dia, que fiquei com energia a mais no corpo, tal como quando fazia teatro. É como se engolisse uma pastilha de adrenalina e tivesse de expelir. Já nem me lembrava que quando fazia peças, a seguir costumava ir dançar…já passou tanto tempo. Nunca tinha pensado muito bem na razão, mas sim, faz sentido. Ontem estava emocionada, mas acho que ninguém percebeu ou sentiu. Estava feliz, queria uma pista só para mim com quem gosto à volta, queria dançar a sorrir, queria sentir que ainda tenho teatro na pele. Queria fechar os olhos e inspirar amor. Ontem um conjunto de circunstâncias deixaram-me ficar com isto guardado cá dentro, hoje custa-me respirar. Esta energia continua cá.

Sem comentários: