sábado, 31 de outubro de 2009

Os olhos

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encontraram a água. Sem preparação. Sem rampa de salto. Debaixo de água não tou capaz de falar. 
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Sabor a seco

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É a terceira vez que me levanto e decidi que agora há-de ser a cama a chamar por mim. Penso que não me apetece estar aqui e nem sei bem onde estar. Gostava de estar onde me querem. Fechar os olhos e ficar a respirar a respiração como se só assim fizesse sentido. Não sei se faz. Olho à volta o silêncio. Tou cansada, apercebo-me que mais do que gostava, mais do que imaginava. O pescoço pesa...os olhos pesam, mas não é sono. Pesam-me as imagens que tenho nas pálpebras. Guardo-as porque tenho medo que não se repitam. Guardo-as porque tenho medo que se repitam e eu não as consiga antever. Guardo-as porque gosto delas e outras porque não saem mesmo que seja essa a minha vontade.

A boca tá seca e por mais água que beba ela fica assim, seca. A água não resolve, nenhum líquido o faz. É seca de não saber o sabor, a sensação de que falta qualquer coisa. Gostava de ter todas as palavras nos lábios. Saber que as tenho lá. Não tenho. Às vezes não sei o que dizer. Neste momento sei o que diria. Um dos raros momentos  em que tenho a certeza das palavras que os lábios deixariam ir.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Coisas a que não me habituo-o

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Passar à porta da Basílica, ver aquela mancha negra e pessoas a chorar compulsivamente. Apetece-me abraçá-los e dizer que vai ficar tudo bem...sem sequer saber se vai.
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

Pam!

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É o som que algumas músicas fazem. Como esta. Um beijo a quem me mostrou.
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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Do capítulo - Pessoas que me fazem bem

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Há tanto que podia colocar aqui dele, mas deixo isto. Uma pequena mostra do que ele faz por aí.







domingo, 25 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Há escritores que nos comem.

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Porque de tanto os lermos e ouvirmos arrancam-nos bocados com as palavras. E colocam outras e mostram que é possível chegar mais longe com o pensamento.

Ao ler certos livros reparo que quanto mais leio, mais quero escrever. E quanto mais escrevo mais quero sentir que consigo chegar lá. Lá ao momento em que o texto toma conta de mim, em que já nem preciso pensar no que sai para o papel, porque ganhou vida própria e confio-lhe aos minhas mãos.

Escrever é viver duas vezes. Seja romance, humor, terror ou outro género qualquer. Vivemos duas vezes porque as nossas palavras transformam-se em palavras para quem lê.  Gosto de ler para os outros porque faço os livros viver fora das folhas, uma e outra vez. Gosto de ler em voz alta porque sei que as paredes absorvem histórias. E eu gosto de ter a casa cheia.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Coisas avulsas

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As lágrimas debaixo de chuva perdem força.
As palavras não ditas são as que mais dizem.
Uma música consegue trazer-nos paz de espírito.
É possível estar muito feliz e calma ao mesmo tempo.
Não ter expectativas às vezes basta.
Olhar o mau tempo pela janela relativiza as coisas.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Gosto

De bocas encostadas ao ouvido.
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domingo, 18 de outubro de 2009

Adoro música sexy

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E esta é tanto que apetece dançá-la em cima ou à volta de alguém.


cliché pensado

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‘vive como se fosse o teu último dia’

sempre que leio esta frase, ou sempre que alguém a diz penso ‘há alguém que faça isto?’. Analiso-a, sei o seu significado, as entrelinhas...mas disseco-a melhor. Olho para trás e vejo que há dias que não vivo assim, que não dão para viver assim e que se tivesse escolha não sei se os viveria assim. Porque significaria ir ter com algumas pessoas e dizer o que nunca disse, ler algumas das coisas que nunca li, ir a sítios que nunca fui e beijar quem quero. Quando penso nisso olho à volta e vejo como a vida há um ano era totalmente diferente. E que o último dia na altura faria um sentido estranho. Há dias em que tenho saudades do futuro, muitas. 

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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Eu sei

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que fiz teatro muitos anos e deve ser por isso que tenho direito a tantos monólogos na vida. Obrigada, mas isto sem público não tem piada. Prefiro os diálogos.

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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Hoje

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Apetece-me tocar. Um instrumento, uma mão e uma ponte. Para sentir que ainda sei sentir. Para ver que ainda sei atravessar quando quiser ir. 


Para ouvir...

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...às cegas. Abrir o link sem saber o que aí vem. De olhos fechados, mente lavada e língua a saborear agridoce.

http://www.youtube.com/watch?v=E3CJiJX-qLE

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Porque

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Às vezes temos de levar um estalo para conseguir ver. Dóis mas passa. E seguimos em frente, mais fortes, ou não, mas diferentes com uma lição a mais debaixo do braço. Há dias em que os poros parecem dilatados e a informação entra mais que nos outros todos. As sensações entranham e apercebemo-nos do que não queriamos ver. Há dias em que sentimos que morrem sombras, porque já não há lado escuro, só uma luz que nos deixa ver claramente o que se passa. Há dias em que tenho saudades do futuro. Tenho saudades do que as pessoas vão ver um dia e que eu já vi ontem. São plataformas. E ou estamos na mesma ou não. Cabe a cada um decidir saltar para as plataformas dos outros. Chamo a isso ousadia. De acreditar, de tentar, de não pensar no que está para trás, mas no que pode vir à nossa frente. Novos começos, é isso. E às vezes basta focarmos para ver que a nossa plataforma é apenas isso, nossa. E que quem saltar para ela irá merecer tudo. E que quem não salta não focou, não viu que vale a pena arriscar. E que quem não salta...simplesmente não viu.

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Gosto disto

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dito assim, com este tom de voz, estes instrumentos...tudo. O que diz e o que não diz. Sexy à brava.




Nouvelle Vague - In a Manner of Speaking

terça-feira, 13 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

yesterday



Ouvir Holly Throsby é redescobrir a simplicidade que um concerto pode ter. Com passinhos de dança e em bicos dos pés a cantora mostra a melancolia que tem na voz e sussurra letras autobiográficas, que fez questão de explicar ao longo da noite. No centro de um palco desprovido de artifícios está ela e Bree, a amiga que a acompanha e alterna entre segundas vozes, a bateria, xilofone e o acordeão. Já passavam vinte minutos das dez quando a aula magna, pela metade, ouviu os primeiros acordes da viola de Holly, pela primeira vez em Portugal e conhecida entre nós por dar voz ao anúncio do sumol bliss.  Com ‘To begin with’ iniciou a viagem pelos seus três trabalhos, dando destaque ao terceiro álbum ‘A Loud Call’. Ficámos a saber que gostou do nosso país e quando viu o público reagir à sua música disse num português quase perfeito        “Estou feliz por estar aqui convosco”. Ao percorrer temas como ‘Things between people’ e ‘On Longing’ percebemos a cor que consegue dar às suas canções e o sentimento que dá a cada uma. Sabemos que são dela, que lhe pertencem intimamente.  Já o concerto ia a meio quando a australiana não conseguiu esconder a emoção ao ver a plateia rendida ao seu ‘Now we love someone’ e fitou-nos com um sentido ‘Obrigada’.

Holly sentou-se várias vezes ao piano e após tocar  ‘The time it takes’ do seu último trabalho tem a confirmação de um público entregue à sua música. Foi aplaudida de pé e por isso voltou para finalizar a noite com ‘The sholders and bends’, mais uma vez sozinha, com a sua viola, deixando ecoar na sala a frase ‘I'm trying to trust you but I just don't know where you've been’ várias e várias vezes. Holly promete voltar, nós prometemos esperar por ela.

texto para: festivaispt.org/


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tenho saudades

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Muitas. Devia ter? Não sei, mas tenho, das que fazem mossa. Pronto já disse.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009


O ouvido finalmente encontra o chão. Não se ouve nada, passa o eléctrico e por momentos parece o metro. As mãos sentem os veios da madeira e de repente a cara fica com água. Deixo-me ficar. Ouço nitidamente os batimentos cardíacos como se tivesse o coração nos tímpanos. Olhos abertos para o branco. No pensamento nada. Deixo-me ficar. Não há ninguém a olhar. Vejo uma sombra suicidar-se...ainda bem. A boca com água sorri. O contrário da sombra levanta-se e vai. Se há momento para ir é agora. 

Wild Things