terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ser eu

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Hoje houve em mim um esforço para não ser cem por cento. Um esforço para não ser gostada...e não há explicação para isto. Vi de dentro para fora, o inverso da mesma forma e sei que há coisas que só eu é que vejo. Cada vez mais sinto que ninguém me vê, que ninguém me quer ver...e a realidade é que sou eu que tapo os olhos dos outros. Com uma fita que lhes é difícil tirar...e poucos vão fazer esse esforço. Desfocam porque é mais fácil ser míope com óculos, do que semicerrar os olhos e mantê-los assim. A minha defesa vai ser o meu fim. Um fim que quero escrever com palavras diferentes, mas que preciso de ajuda para encontrá-las. Testo limites sem saber o porquê, levo as pessoas à exaustão...e no fundo sei que é propositado. Ninguém sabe, eu sei. Quando fico em silêncio ouço-me, e sei que me faço mal. Sei que afasto as pessoas. Afasto-as porque tenho receio de ver que não vão gostar de mim como sou. Afasto-as porque mostrar o meu outro lado é tornar-me humana. Hoje custou-me não ser humana. Falei do que nunca falo e dei-me conta que estou curada. Os zeros estão cá, mas não sei se me querem substituir os dígitos. O mundo vai ter de esperar que o monstro se esconda...e será que o mundo vai-me dar tempo... para ser humana outra vez?  Quando me disserem que o mundo não está ao contrário, que não faz mal eu sangrar e que felicidade são beijinhos e abraços, aí vou sentar-me a olhar o mar e pensar: Era tão fácil...bastou estar atenta e sorrir.

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