quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Carta ao Senhor das Barbas Brancas

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Sento-me frente ao computador e vejo a página branca olhar para mim meio a medo. O espírito está entre pinceladas de nostalgia, alegria e tristeza. A folha sabe que o pensamento está longe...puxa-me para a realidade. Tenho de andar mesmo que não tenha muleta como apoio. Fecho os olhos e a cabeça fossiliza no teclado. Já não estou ali, transportei-me para o lado de lá e fico a pensar se quero o bilhete de volta. Quero. Abro os olhos. O cursor pisca. Escreve! Escreve o que mais queres receber este Natal. Não, escreve o que mais precisas receber este Natal. Vá lá, tu consegues, o que queres não pode ser, pede o que sabes que tens de pedir. Eu começo por ti.

Querido pai natal,

Este ano foi um ano que me trouxe 180º sem estar à sombra. A pele ardeu, a cabeça explodiu, a febre subiu e estive perto da insolação...mas passou, está a passar. Posso sentar-me ao teu colo, mexer-te na barba e fazer um pedido? Acho que não negas isso até quem já é adulto por fora...

Sei que o que peço não está à venda, também não se fabrica, é modelo único, mas se procurares bem talvez encontres. Oferece-me a mim mesma. Para que eu consiga olhar para mim de vez em quando com carinho, como se olha para um presente, do qual se gosta muito.

Obrigada e força no trenó.

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