sábado, 26 de dezembro de 2009

Dia de ...

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O barco abana por todos os lados, a água ocupa o espaço das janelas que serve para olhar a cidade, o marinheiro fala de futebol e eu não estou ali, não posso estar ali. A porta abre e mal saio a chuva começa a cair, vou até ao táxi...não há táxis, aguardo. Sacos de um lado, sacos do outro, não há espaço para um chapéu, mas eu também não quero um chapéu. Entro e o taxista é um humorista reformado ‘bom natal, a menina é a mãe natal? Com tantos sacos’, a menina sorri e diz para onde quer ir. A rua está vazia, não encontro a chave, a chuva molha-me como se eu fizesse parte do mar e quisesse fundir-se comigo. Olho para cima e fico ali uns momentos, olho à volta...a rua está sozinha, e eu? O banho quente tira-me a sensação de frio, arrumo as coisas e sento-me no sofá. Trouxe memórias que mais vale ver já. Mensagem para cá, mensagem para lá. Volto às memórias.  Fico de rastos mas penso, daqui a pouco já estou a dançar e isto passa. Não passou. Frente ao espelho tiro a roupa, já percebi que é melhor. Tenho frio e estou nua frente ao espelho, sento-me na cama e não sei bem o que penso, não penso em nada. Deixo-me cair para trás...está frio, devia vestir o pijama, visto o pijama. Escorrego até ao sofá, olho para o telemóvel, nada. A minha ingenuidade continua a pregar-me partidas. Não consigo ficar chateada seja com quem for que não quis a minha companhia hoje. Não sou ninguém. Deito a cabeça na almofada, puxo a manta e olho o tecto. Podia morrer em noite de natal que ninguém notava, demasiado barulho das luzes, não existo efectivamente. Tenho medo de ficar seca, tanto medo...sinto-me afogar, e logo eu que não sei nadar fora de pé. E sei que se mergulhar a praia não estará vigiada.

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