sábado, 31 de outubro de 2009

Sabor a seco

u

É a terceira vez que me levanto e decidi que agora há-de ser a cama a chamar por mim. Penso que não me apetece estar aqui e nem sei bem onde estar. Gostava de estar onde me querem. Fechar os olhos e ficar a respirar a respiração como se só assim fizesse sentido. Não sei se faz. Olho à volta o silêncio. Tou cansada, apercebo-me que mais do que gostava, mais do que imaginava. O pescoço pesa...os olhos pesam, mas não é sono. Pesam-me as imagens que tenho nas pálpebras. Guardo-as porque tenho medo que não se repitam. Guardo-as porque tenho medo que se repitam e eu não as consiga antever. Guardo-as porque gosto delas e outras porque não saem mesmo que seja essa a minha vontade.

A boca tá seca e por mais água que beba ela fica assim, seca. A água não resolve, nenhum líquido o faz. É seca de não saber o sabor, a sensação de que falta qualquer coisa. Gostava de ter todas as palavras nos lábios. Saber que as tenho lá. Não tenho. Às vezes não sei o que dizer. Neste momento sei o que diria. Um dos raros momentos  em que tenho a certeza das palavras que os lábios deixariam ir.

u

Sem comentários: