Num lugar só meu. No chão quente, onde só passa quem quero. Um lugar onde encontros viraram rituais e os rituais memórias. Hoje pertenço ali, a minha casa já não mora noutro lado, já não está do lado de lá do rio. E não foi fácil de conquistar. E gosto de quem aparece sem pedir, sem avisar, porque tem vontade de entrar no meu espaço. Porque sabe que há ali alguém a recebê-los de braços abertos. Olho para trás e sempre imaginei a minha casa assim, um sítio onde as pessoas gostam de ir. E sei que é sincero quando dizem que se sentem bem lá. A minha casa é minha, mas é habitada por muitos mais. Por quem vai lá jantar, por quem aparece a meia da noite para conversar, pela família que vai lá ajudar, por quem sobe com uma garrafa de vinho e quer trocar música, pelo amigo que entra e já tira os sapatos pronto para deitar-se no sofá, pela a amiga que se senta na poltrona junto à janela para fumar, por quem entra a correr para ir ao wc antes do lux e diz 'que casa fixe', todos eles e muitos mais moram ali. Alguns deles quando saem deixam um espaço vazio e nem sabem. Talvez por isso sei que voltam. A minha casa é um lugar com muitos lugares. E isso é tudo. Um ano não é muito...mas foram 365 dias que valeram por muitos mais.
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