sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Escrevo sem passar pelo molesquine, pela casa da partida ou pelo guardanapo do café. A olhar para uma casa vazia mas tão cheia ao mesmo tempo. Uma casa de respirações e onde não há lugar para tectos falsos. Entre salpicos e sacos cheios hoje tenho menos coisas, mas sinto que tenho o que preciso. Ou quase tudo. Viver sozinha tem o sabor agridoce. Falar com nós mesmos pode ser mais esclarecedor do que ver o céu carregado e saber que vai chover. O disco que às vezes não pára de tocar na cabeça, só eu posso posso mudar a agulha para ele avançar. E apercebemo-nos disso no meio da loiça suja e do filme que já vai longe porque o disco parece riscado. E fixar a parede sem saber o que fazer com ela e perceber que isso não é importante, não tão importante como consertar a agulha...
Escrevo sem passar pela casa da partida porque já cheguei. Porque o mundo girou e eu não fiquei no mesmo lugar.
Sinto que o bolo de bolacha da Mivaruti e as noites no Tazz passaram. As saudades do olhar que me via como actriz já foram. Hoje é mais cedo do que eu pensava.
Escrevo sem passar a limpo e um copy não devia fazer isto. Mas a copy não está aqui. Só eu, de pijama às riscas e cabelo apanhado. Copo ao lado e risco ao alto. Gibbons nas orelhas e mãos sem anéis. Com conversas por ter e segredos por ver.
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