Se há bandas que precisam de poucos meses para atingir com um só álbum os top de vendas, The Xx entra nessa categoria. O grupo inglês formado em 2009 por quatro elementos, agora apenas com três: Jamie Smith, Romy Croft e Oliver Sim, lançou no ano passado o seu primeiro álbum homónimo. A sua música entranha-se facilmente, sem sabermos explicar se é o lado vibrante, o sensual ou o hipnótico, que nos leva a ouvi-la vezes sem conta.
Sabemos que não somos os únicos a partilhar este fascínio, quando ainda faltavam 20 minutos para a hora do concerto e já a Aula Magna estava repleta de gente, numa sala esgotada há muito. Um pano branco tapava todo o palco e o público aguardava calmamente a viagem pelo mundo dos The Xx. Eram 22:40 quando soou a guitarra que deu início à Intro, acompanhada de um jogo de sombras atrás do pano que caiu para fazer entrar Crystalised. Seguiram-se temas como Islands, com uma passagem espantosa que fez entrar Heart Skipped a Beat, juntando assim dois temas que conseguiram grande aplauso do público. Debaixo do jogo de luzes entra o potentíssimo Fantasy, com a voz hipnótica de Oliver e segue acordes dentro com um baixo que chega a arrepiar.
Só estão três pessoas no palco, mas ele parece incrivelmente cheio, não falam muito, mas têm o público na mão. É uma estranha relação esta, que é facilmente desvendada pela cumplicidade que temos com as letras das suas canções. O tema é universal e muitos cantam o amor, mas nem todos dão-lhe uma densidade que flutua entre a melancolia e a simplicidade. Algo que nos faz ficar colados à voz de Romy, que não procura qualquer tipo de protagonismo durante o concerto, porque não precisa, é actriz principal num elenco onde se nota que todos têm o seu espaço. À entrada de Shelter já há muito que o público acompanha a batida com um bambolear de corpo conjunto, que mais parece um bailado bem ensaiado. No final e em jeito de passagem para VCR misturam acordes de Till I Come, um êxito do Dj ATB, que fez furor nas pistas de dança dos 90’s.
Surpresa para quem não sabia que estes ingleses também fazem covers. Quando já o concerto ia a mais de meio tiraram da cartola um coelho de nome Do You Mind, tema da cantora Kyla. Um tema que transformaram totalmente, arrancando-o do lado ‘dançante’ para o registo Xx, elevado à máxima potência.
Com paragem para agradecer o carinho dos portugueses, nesta que é a sua estreia nos nossos palcos, o trio lança Basic Space sabendo já que aos primeiros acordes a ovação é garantida. Ovação essa que transferiu-se também para um final cantado ‘a capella’ por Romy e OLiver, que nos deixou de sorriso nos lábios.
Night Time e um maravilhoso Infinity, com todos nós a entoarmos ‘Give it up, I can’t give it up’ , mais uma vez em harmonia com eles, trouxeram o final de concerto. De pé toda a sala chamou de volta a banda que sob um cenário repleto de pequenas luzes toca Stars, fechando assim a noite com a mesma chave com que fecharam o seu primeiro trabalho.
Sentimos que The Xx têm um universo próprio e a melhor parte é que nos deixam fazer parte dele. Durante todo o concerto sentimos que estamos nós também em cima do palco. Subimos e andamos por ali, a admirar o corpo de Oliver com movimentos em modo réptil, a timidez de Romy que ainda assim deixa ver o sorriso e adivinha a felicidade que deve sentir por ali estar. E Jamie claro, que se mexe do início ao fim, mostrando que contamos com o seu lado de dj e puto rebelde. É uma comunhão com muito amor esta que passou pela Aula Magna. Emocionados e a pedir mais o público saiu tranquilamente da sala, sabendo que este namoro já tem um segundo encontro marcado para Julho.
Texto para: FestivaisPt
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