domingo, 25 de janeiro de 2009

Todos os dias

u
Entro em transportes públicos. Em todos eles as mesmas perguntas. Pessoas que se repetem e que já sabemos de cor. Outras que quando aparecem gostamos de ficar a olhar, por breves momentos apenas, para que não reparem que estamos ali. Gosto de imaginar porque se vestem assim, ver como se movem quando estão parados, quando andam, como olham, porque olham e como se ocupam em espera. Há coisas que prendem a minha atenção em particular: as mãos. O que fazem com mãos cheias de nada? E os lugares que escolhem para se sentar, se olham nos olhos da pessoa da frente, se falam alto, se metem conversa, se ouvimos o que dizem ao telemóvel, se adormecem, se cantam, se dão beijos apaixonados sem ligar a quem está à volta. Que livros lêem? Imagino a música que sai dos phones de quem passa. O que estará a pensar? Donde vem e para onde vai? Querem estar ali? Serão felizes?

Olho para quem passa por mim e imagino-as fora dali. Tento vê-las como são, com a esperança de conseguir acertar em algumas.

Sem comentários: